Reflexões sobre: Pichação, lazer e cultura em Campina Grande do Sul
- questaodeopiniao
- 20 de nov. de 2014
- 3 min de leitura
O que uma pichação pode revelar? Que reflexões se podem fazer deste ato de expressão juvenil que destrói o patrimônio público? Rapidamente podemos elencar três pontos, a falha na defesa do patrimônio público, a falta de punição para infratores e a falta de incentivos públicos ao lazer e a expressão da cultura jovem na cidade. Os dois primeiros pontos se tratam de medidas reativas e punitivas respectivamente, visto que se falhou na defesa do patrimônio não conseguindo inibir a atitude infratora, e até agora não houve nenhuma punição para atos passados. A próxima alternativa levantada tem uma característica um pouco diferente, ela não é reativa, mas preventiva e tem que ser fundamentada em um trabalho de frentes diversas, como educação, cultura e lazer. Não vamos dedicar muito tempo para refletir sobre as medidas reativas, pois elas normalmente são para remediar a situação. Façamos a reflexão sobre as opções de lazer, quais programas culturais o município possui e quais alternativas poderiam ser utilizadas.

Pesquisando no site da prefeitura e buscando informações sobre as atividades da secretaria de cultura é notório que o foco se encontra ligado apenas ao público escolar com crianças que ainda não chegaram à adolescência. No espaço urbano temos poucos ambientes adequados para que estes jovens possam se encontrar e realizar atividades. O Jardim Paulista é o bairro com maior densidade demográfica, não possui sequer uma praça. Atualmente, não possuímos nenhuma pista de skate (a que havia na sede foi demolida), sendo que ao sair pelas ruas do bairro vemos dezenas de jovens com seus skates se aventurando pelas ruas. Não temos shoppings ou sequer feiras onde os jovens possam se encontrar para se socializarem. Não possuímos grupos de teatros, música ou qualquer outro tipo de atividade cultural contínua para estes jovens.
O mais crítico é saber que a população de jovens entre 15 a 24 anos constituem as duas faixas com o maior número populacional e representam quase 20% (mais de 7.000 jovens) da população total de nossa cidade. Assim enfrentamos um grave problema público, pois temos grande número de jovens, políticas de desenvolvimento de cultura e lazer praticamente nulas para esta faixa etária (com exceção de algumas poucas opções no esporte), e poucas opções de diversão ou mesmo locais adequados para estes jovens.
Identificado o problema precisamos pensar em alternativas, afinal como os vereadores e os gestores públicos gostam de falar, criticar é fácil, apesar de eles terem sido eleitos e recebem justamente para encontrar alternativas para estes tipos de problemas. Mas deixemos esse tema para outro momento. Sabemos que nenhuma prefeitura dispõe de recursos financeiros ilimitados, assim reconhecemos neste ponto uma dificuldade. Porém, para um município que arrecada mais de 84 milhões de reais por ano (7 milhões por mês), não é possível destinar valor suficiente para atender uma população relevante de seus moradores? Que representa os filhos de seus munícipes, e o futuro de nossa cidade?
Contudo, mesmo com dificuldades financeiras por que parcerias não são estudadas? Poderíamos citar a FAP (Faculdade de Artes do Paraná), onde os alunos da graduação poderiam desenvolver projetos de música, artes visuais, teatro e etc; supervisionados por um profissional formado, já que alunos necessitam realizar estágios supervisionados; ou então a criação de um grupo de grafiteiros, onde, com a autorização dos donos dos muros, o grupo poderia realizar o grafite, se expressar e mostrar a sua arte sem realizar uma contravenção legal? Enfim, apenas algumas alternativas para serem pensadas.
Finalizando, podemos verificar que possuímos um grande número de jovens que com acesso limitado à cultura e lazer dentro do nosso município, são obrigados a se deslocarem a outras cidades, ou então se tornarem “prisioneiros” em espaços públicos inadequados, por não possuírem condições para se deslocar. O olhar do poder público a este jovens da faixa dos 15 a 20 anos é míope, realizando ações esporádicas, porém insuficientes para atender a necessidade de lazer e cultura que a cidade necessita frente a um jovem cada vez mais dinâmico e exposto à violência, álcool e drogas. Está na hora de repensar os espaços urbanos e a criação de politicas públicas de incentivo à cultura, lazer e diversão para estes jovens, ou num futuro próximo teremos que refletir sobre como realizar políticas de recuperação de dependentes de drogas, diminuição da violência, como vemos nas grandes e diversas pequenas cidades brasileiras.
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